Atualizado em: 07/06/23
Um dos propósitos principais da Faculdade é capacitar o aluno para que ele possa evoluir no âmbito pessoal e profissional. No entanto, geralmente um cronograma extenso de aulas que o induz a ficar preso a sala estudando, muitas vezes priva o estudante de experiências profissionalizantes muito ricas que ele pode ter ainda durante a sua graduação e nas quais ele pode aprender em um ambiente de maior suporte como se portar em um mercado de trabalho em constante evolução e com cada vez maiores cobranças.
Para que você, ao terminar o seu curso, esteja mais preparado e confiante para se portar no mercado, adquirir experiências em contextos onde se tem a chance de aplicar conceitos que você sabe na teoria, alinhando-os a prática é fundamental. E é justamente ai que entram as atividades extracurriculares, e hoje iremos falar de uma das melhores caso seu objetivo seja preparação para um futuro no mercado: a empresa júnior (EJ).
O que é uma Empresa Júnior?
Antes de mais nada, o que são as EJS? Presentes em diversas faculdades e universidades, são organizações cujo objetivo é complementar a formação dos estudantes da graduação. No Brasil, apesar de nem todos conhecerem, o movimento de empreendedorismo juvenil (MEJ) tem uma grande relevância, faturando apenas em 2021 o equivalente a 70 milhões de reais, e somando ao todo 1533 EJs federadas que comportam mais de 25 mil universitários de acordo com dados do Guia do Estudante.
Porém, se você pensa que os serviços prestados por empresas júniores são “menores” por serem ofertados por alunos, você está enganado. Os serviços e projetos são prestados para clientes reais, tanto pessoas físicas quanto para empresas, muitas vezes sendo extremamente benéficos ao seu redor por serem realizados de forma mais barata por terem o intuito de capacitar os alunos acima do lucro. Além disso, muitas vezes as EJ’s tem uma finalidade social, que impacta a comunidade ao seu redor de forma positiva no processo de formação desses estudantes, e estreita os laços entre a academia e a comunidade.
Por exemplo, a Sea Jr. EJ da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ganhou o Desafio AMA da Ambev ao desenvolver uma tecnologia que permite o reuso da água da criação de peixes na agricultura, podendo gerar uma economia de mais de 50% de água no semiárido brasileiro de acordo com a presidente da EJ, Eduarda Tayná de Almeida.
Mas quais são as vantagens de ser de uma empresa júnior?
Além do âmbito profissional, as EJ’s colocam o estudante em contextos onde ele se desenvolve pessoalmente. Meu nome é Eduardo S. Coqueiro, e durante a graduação eu fiz parte da Empresa júnior do meu curso. Antes de entrar, eu era uma pessoa extremamente tímida e tinha muitos problemas para me expressar, e antes que eu pudesse perceber, por estar em situações onde me comunicar essa essencial, eu melhorei extremamente nesse aspecto.
No âmbito profissional, as experiências e projetos que conduzi enquanto estava inserido nesse contexto foram extremamente importantes para que eu pudesse fazer contatos e conseguir outras oportunidades de desenvolvimento de carreira. Além de me permitir desenvolver as “soft skills” tão procuradas pelas empresas atualmente, principalmente no que diz respeito a trabalhar em grupo e gerenciar projetos, características essas que eu levo até hoje.
Uma oportunidade que membros de EJS possuem é de se capacitar em áreas diversificadas, e assim conseguir direcionar melhor suas escolhas de carreira. No meu caso pessoal, eu fiz parte da EJ do meu curso por 4 anos, e durante esse período de tempo passei pelas diretorias (divisão recorrente no nosso caso) de marketing, projetos e controle de qualidade. O conhecimento que obtive na diretoria de marketing, criando infográficos para divulgação científica, me ajudou durante toda a graduação a vender minhas ideias de forma organizada e direta e a atribuir melhor características visuais para minhas apresentações. Em projetos aprendi a me organizar e como gerenciar as pessoas que faziam parte do meu time, atribuindo tarefas e prazos que respeitassem meu tempo e o das pessoas ao meu redor, e em controle de qualidade aprendi como usar métricas para realizar meu trabalho de forma mais produtiva e rápida. Todos esses conhecimentos se integraram ao meu portfolio pessoal e profissional, e falo com plena certeza que fizeram uma grande diferença na minha vida e me direcionaram para o caminho que sigo hoje.
Para além disso, fazer parte do MEJ (Movimento Empresa Júnior) agrega e muito ao currículo dos estudantes. Trazendo novamente para o meu caso pessoal, atualmente tenho a oportunidade de estagiar em uma grande empresa do ramo que escolhi atuar, e durante o processo seletivo muitas vezes citei situações de aprendizado as quais fui colocado pela minha vivência na EJ, e diria que com certeza isso foi um diferencial na minha aprovação, pois consegui citar sem muitos problemas situações onde tivemos dificuldades como time, o que fizemos para superar e qual papel desempenhei nessa solução. E é claro, o conhecimento técnico obtido pelos projetos realizados também conta muito como diferencial profissional e faz os olhos dos recrutadores brilharem.
Outro aspecto bastante importante nesse sentido, para mim, diz respeito ao propósito, como comentado anteriormente muitas EJS possuem uma função social, e participar dessa vertente do trabalho feito na empresa júnior para mim é a mais interessante. Existem diversos exemplos no Brasil afora da ações que impactam na sociedade, como por exemplo a Sea Jr. citada anteriormente, mas pegando um dos meus favoritos que era realizado na empresa junior que fiz parte: um dos nossos maiores objetivos era criar uma ponte entre a comunidade acadêmica, que muitas vezes é no mínimo elitista e a sociedade, o que é um trabalho bem difícil, mas possível de ser feito.
Grande parte do conteúdo produzido em mídias tinha a finalidade de tornar esse conhecimento científico mais palatável ao grande público, propósito esse que me direcionou e direciona até hoje como divulgador científico. Além disso, frequentemente fazíamos rodadas de cursos abertos a comunidade com o intuito de estreitar esses laços, como por exemplo um curso focado em processos fermentativos (processo chave na Biotecnologia), onde abordávamos os aspectos por trás dessa ciência, enquanto preparávamos pães! Um grande sucesso, provavelmente mais por causa da comida, mas que com certeza conseguia fazer as pessoas entenderem um pouco mais sobre esses processos, e esse sentimento me deixava e ainda deixa extremamente realizado.
Mas e o tempo?
Estando na graduação, você possivelmente está se perguntando como acharia algum tempo na sua rotina que já é muito atribulada para realizar essas tarefas, certo? Eu também me perguntei a mesma coisa. Conciliar os estudos com atividades extracurriculares certamente é algo desafiador, mas o universitário tem que ir além das 4 paredes da sala de aula de qualquer forma se quiser se desafiar e se destacara no futuro. Dentre as oportunidades que a universidade te dá, a EJ é apenas mais uma delas, então uma dica pessoal que eu dou é gerencie seus interesses e vivencie a faculdade ao máximo, deixando é claro, tempo para descansar e para seus interesses pessoais.
As vezes, é claro, será necessário priorizar seu futuro em prol de algum lazer, mas não torne isso um hábito rotineiro, gerencie seu tempo para poder aproveitar tudo na dose correta. E torna-se desnecessário dizer que durante a vivência na EJ, você possivelmente vai fazer amizades para a vida, como foi o meu caso, o que vai tornar o trabalho realizado muito mais leve e prazeroso.
Como conselho final, e ligado a tudo isso não se prenda a sala de aula! Notas são importantes, mas a vivência proporcionada por ligas, projetos de extensão e pesquisa e empresas juniores é única e muda completamente a forma como você vê sua profissão e o que você pode realizar por meio dela. Então se permita integrar essas instâncias, procure saber se no seu campus há alguma iniciativa nesse sentido e não deixe de se inscrever.
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Comentários:
Raphael Resende Breitschaft, 08/03/24
Gostaria de ter lido isso enquanto aluno